“Olá, me chamo Natália e em 2017 pude conhecer o campo de concentração de Dachau.
O que mais me chamou atenção ao chegar no local foi descobrir o quão cruel o ser humano é capaz de ser, o sentimento de horror em entender a real dimensão do que acontecia ali. Uma coisa é saber o que aconteceu, mas observar de perto, através das imagens, itens e estruturas, as milhares de pessoas que morreram devido a tortura, desnutrição, doenças, execuções e experimentos médicos traz uma carga de realidade que apavora e ao mesmo tempo nos dá uma real dimensão do que era a liberdade interior do nosso Pai Fundador.
Dachau não foi capaz de aprisionar seu espírito e o crescimento apostólico de Schoenstatt, naquele tempo comprova-se a ação da Divina Providência, a filialidade e a confiança heroica de seus filhos.
Aquele lugar tinha tudo o que era necessário para o cultivo da desesperança, como o próprio Pe. Kentenich descreve, é “uma cidade de morte, loucos e escravos.” Ali cada pessoa tinha sua humanidade reduzida a números, tornaram-se apenas mais um item dentro da contagem, perdiam sua liberdade, dignidade e ao terem seus nomes trocados por um número no registro de prisioneiros, perdiam também suas identidades.
No dia que conheci Dachau a temperatura estava em torno de -5°C, era outono, ventava muito mas não tinha neve. Quando eu vi o pijama listrado que os prisioneiros tinham que utilizar como uniforme, a primeira coisa que questionei era se no inverno, eles recebiam outra vestimenta e recebi uma negativa como resposta. Naquele dia eu estava com várias camadas de roupas e ainda assim passei frio, perguntei-me muito como aqueles prisioneiros, como apenas aqueles pijamas de tecido fino, puderam suportar dias de trabalho em temperaturas ainda mais baixas, com neve, doentes e com pouca comida.
Ainda hoje eu tenho dificuldades de encontrar palavras que definam com exatidão os sentimentos que aquela visita a Dachau provocaram, mas ao final do dia cheguei a algumas considerações:
- Dachau me doeu um pouco mais porque ali eu tinha um pai que sofreu aquelas atrocidades. Qualquer pessoa que conhecer e vivenciar aquelas histórias e não sentir revolta, tristeza, dor ou horror é sinal que lhe falta humanidade.
- E que Deus está presente mesmo em meio ao inferno.”
Por: Natália Madeira, Jufem São Bernardo do Campo/SP