Sabe qual é a indústria que mais polui o meio ambiente atualmente? A do petróleo. E sabe qual vem depois? A indústria têxtil. São 93 trilhões de litros de água gastos por ano e 1,2 bilhão de toneladas de CO2 emitidos na atmosfera em 2015 – o equivalente a 5% do total naquele ano.
É o chamado fast fashion que mais destrói: a “moda rápida”, em tradução literal, é aquela em que tudo é acelerado: sua produção, seu consumo e seu descarte. As fábricas, além de se localizarem em países onde a mão-de-obra não é valorizada, a matéria-prima é de má qualidade e de curta duração, principalmente o poliéster.
Sim, ele mesmo, o queridinho de marcas como Forever 21, Riachuelo, Renner e Zara, demora cerca de 200 anos para se decompor e a indústria utiliza cerca de 70 milhões de barris de petróleo todos os anos para produzi-lo. Tudo isso para abaixar o custo das peças e ser descartado com facilidade depois. Mas e o valor que a sociedade vai pagar depois, quem vai pagar?
Só que, infelizmente, a fibra mais natural, o algodão, apesar de maior qualidade e durabilidade, também tem seu papel dentro do índice de poluição: para o tratamento de pestes, o uso de agrotóxicos danifica a água dos lençóis freáticos e o próprio solo. Tanto o algodão comum como o orgânico ainda precisam de mais de 2000 litros de água para produzir uma única peça.
É aí que entra o antônimo do fast fashion, o chamado slow fashion. O próprio nome já diz tudo: ele valoriza absolutamente tudo, desde um processo de fabricação transparente, os trabalhadores por trás e até a cultura e economia locais. E como disse Fernanda Simon, responsável pelo movimento Fashion Revolution Brasil, à Revista Glamour (2020), o primeiro passo é cada pessoa valorizar a roupa que tem e saber cuidar.
No Brasil, algumas marcas já começaram a trabalhar com o conceito, mas o que mais se fala é dos brechós. A moda pegou e o Instagram virou a maior vitrine de roupas de segunda mão no Brasil e o número de empreendedores do ramo subiu 210% nos últimos 5 anos, de acordo com dados do Sebrae.
Quando se fala em brechó, fala-se também do poder de escolha de cada um, muitas vezes por serem roupas que seguiram outras tendências que hoje já não se vê mais, porém, podem estar dentro do estilo próprio de alguém. O mais interessante é que a peça ganha um novo ciclo e um novo significado, sem ter que gastar tudo aquilo de água em uma peça nova e, provavelmente, de pouca duração.
Os benefícios não param por aí: “garimpar” também é mais barato e ainda diminui o descarte em aterros sanitários. A própria economia local começa a circular e, no caso das vitrines virtuais, o consumidor nem precisa sair de casa para comprar. Por tudo isso, os brechós são a cara do slow fashion.
A sociedade consome e é impossível não consumir. O fundamental é consumir somente o necessário, começando pela roupa que se veste. O planeta e as gerações futuras agradecem!
por: Luísa De Cunto, Jufem Londrina | Regional Paraná.
edição: Bárbara de Mélo, Jufem Garanhuns/PE – Regional Nordeste
Fonte da imagem: https://www.digitaletextil.com.br/blog/wp-content/uploads/2020/03/o-que-%C3%A9-fast-fashion-impacto-do-fast-fashion-740×494.jpg
Referências Bibliográficas:
https://www.modefica.com.br/moda-mudancas-climaticas/#.X9fzwNhKjIU
https://www.menos1lixo.com.br/posts/o-consumo-de-agua-pela-industria-textil
https://studiopipoca.com/blogs/novidades/o-slow-fashion-no-brasil
https://www.ecycle.com.br/5950-slow-fashion.html
https://www.bbc.com/portuguese/geral-39253994
https://www.digitaletextil.com.br/blog/o-que-e-fast-fashion/
https://www.brumishabrecho.com.br/post/a-rela%C3%A7%C3%A3o-do-brech%C3%B3-com-a-sustentabilidade
http://revista29horas.com.br/sao-paulo/brechos-sustentabilidade/