Sou Zuleika, fui JUFEM por 10 anos e Schoenstatt está na base da Educação que meus filhos recebem por herança! Como testemunho de vida, posso tentar contribuir com o resgate da história que se construiu ao longo de 75 anos da JUFEM no Brasil, numa breve linha de tempo pessoal, com pequenas ilustrações.
Nasci em Santa Maria, em 1957 e sou filha de militar. Fui batizada na Igreja São José e frequentava a Igreja do Bonfim, onde fiz minha primeira comunhão. Em ocasiões de romaria íamos, a família toda, ao Santuário de Nossa Senhora Medianeira. Ainda criança, nos anos 60, passava com meus avós diante do Santuário Tabor, em Santa Maria, toda vez que, com eles, visitava alguns familiares que residiam em Camobi. Me chamava atenção aquela capelinha… achava bonita, mas desconhecia o valor espiritual. Aos quinze anos, em março de 1973, uma amiga, colega de aula, Ione Pereira da Silva, que morava bem pertinho do Santuário, me fez o convite para um encontro de jovens, como forma de celebrar o Dia Internacional da Mulher. Foi uma vivência maravilhosa, inesquecível: a abertura e o encerramento se deram no interior do Santuário Tabor… com a imagem da Mãe, Rainha e Educadora, que fita os olhos na alma da gente, não importa onde a gente se coloque… O encontro foi ao ar livre, num gramado, junto ao bosque, com reflexões, formação, atividades lúdicas, música e espiritualidade mariana! Desde então passei a estar junto ao Santuário aos sábados. Ingressei num grupo e outras meninas entraram depois, muitas eram jovens pré-universitárias ou universitárias.
“Aqui é bom estar!” Em julho do mesmo ano, aconteceu um encontro regional, como era costume. Por graça de Deus, participei, e fiz minha consagração de ingresso. Nessa oportunidade também conheci algumas meninas de outras cidades do estado e da região sul. Naquele tempo ainda se usava muita correspondência por carta e cartões postais. Foi assim que continuei a me comunicar, principalmente com as meninas de Santa Cruz do Sul, onde , depois também foi inaugurado um Santuário Filial. Algumas delas foram estudar em Santa Maria, e, até que conseguissem onde ficar, se hospedaram na minha casa. São muitas recordações de saudável convivência. Guardo lembrança muito bonitas.
Em cada dia 18, renovávamos a consagração e costumávamos rezar, andando pelos caminhos do jardim, onde o Pai e Fundador rezava quando por ali passou. No dia 15 de setembro, fazíamos vigília , honrando a memória do Pai e Fundador, Pe.Kentenich. Em cada outubro, participávamos do Congresso de outubro, quando toda a família se reúne.
Em algumas ocasiões, como nas vias sacras das sextas-feiras santas, formações com temas específicos e festas juninas, fazíamos atividades integradas com a juventude masculina , com mães e com casais. Numa proposta de contribuirmos mais com a evangelização, nos apresentamos aos párocos para ajudar na catequese de crianças e adolescentes. Fazíamos isso aos sábados à tarde. Aos domingos, nos reuníamos após a missa da manhã, para estudarmos documentos, música e reflexões. Os anos se seguiram. Fomos participando de tudo quanto foi possível na programação de Schoenstatt de cada ano. Empregávamos o que sabíamos da arte da música e da dramatização para deixarmos nossos encontros mais agradáveis pedagogicamente. As irmãs ajudavam. Recebíamos acompanhamento, principalmente da Ir. M. Áurea, Ir. M. Fátima e Ir. M. Neida… e lembro muito , da Ir. M.Leocádia que cuidava da portaria; Ir. M. Terezinha que nos dava palestras maravilhosas; Ir. M. Raquel que sempre registrava em fotografias nossos momentos mais importantes; Ir. M. Sônia, que tocava violão… e tantas outras adoradoras e responsáveis por diferentes funções. Considerava uma vida muito agraciada, a delas.
Uma vez participei das exéquias de uma jovem irmã que ficou sepultada no pequeno cemitério que existe lá atrás do bosque, nos fundos da Capela… achei tudo muito bonito…parecia que o céu se abria para receber aquela moça … e ao cumprimentar as demais Irmãs presentes, saiu, espontaneamente da minha boca “parabéns”, no lugar de “meus sentimentos”. Até pensei em me tornar também irmã, tão bela era a vida junto ao Santuário e todas as possibilidades de servir ao Pai a partir de uma Aliança de Amor mais profunda. Cheguei a participar de um encontro vocacional. Mas, meus pais não concordavam comigo, diziam que eu não sabia bem o que eu queria. Meu orientador espiritual, D. Ivo Lorscheiter, muito amigo dos jovens da época, disse que era para eu obedecer ao meu pai, pois ele representava a voz de Deus quando me falava, pensando na missão que tinha, por mais que eu não entendesse e discordasse. Obedeci.
Preparei-me e fiz Carta Branca. Eu e a Rosane fizemos juramento na mesma celebração. “LÍRIO DE FOGO!” Institui, depois, um Santuário Lar no meu quarto de solteira. Esse meu quarto já era como uma salinha, onde eu costumava receber meus amigos, pois tinha dentro meu piano e um sofá. Fizemos a coroação da Mãe, com presença de membros da juventude feminina e masculina, irmãs e padre. Um dia me escolheram para dirigente da Juventude Feminina de Santa Maria… foi uma surpresa e uma grande honra. Por quatro anos desempenhei essa função com a colaboração de Deus que foi me apontando novos caminhos.
Um dia conheci um jovem, VLADEMIR, o meu “José”, como me dizia a Ir. M. Terezinha. Pe.Vitor Trevisan nos preparou para o casamento, que foi realizou-se em fevereiro de 1984. Para padrinhos e convidados, além dos familiares, foram chamados os amigos schoesnstateanos e a celebração contou com vozes e instrumentos também de jovens schoesnstateanas. A irmãs se fizeram representar pela Irmã Maria Áurea Dotto.
Depois de casados, continuamos a participar dos eventos em Santa Maria, sempre que possível. Passamos a residir em Porto Alegre. Quando o Santuário de Porto Alegre foi inaugurado, estivemos presentes, em julho de 1986, minha primeira filha já estava quase nascendo. Raramente conseguimos peregrinar até ele. Temos três filhos: Clarissa, Jéssica e Gabriel. Cada um foi batizado e depois e consagrado à Mãe, no Santuário Tabor. Todos já estão agora adultos. A mais velha já casada. Quando estava com dois anos, recebeu um diagnóstico de leucemia. Foi levada ao Santuário, pedimos a intercessão do Pe. Kentenich e, quando repetimos os exames de sangue, não tinha mais nada, nem anemia, muito menos leucemia. Estava curada e cresceu completamente saudável! Os educamos na fé, à luz da pedagogia de Schoenstatt e com os bens que brotam do Capital de Graças do Santuário.
Em dezembro de 1992, sofremos um acidente de carro. Poderia ter sido fatal, pois o carro desgovernou no alto de um viaduto. O carro foi para o ferro velho. Sentimos a presença da Mãe e do Pe. Kentenich nos protegendo, pois tínhamos, no painel do carro, ímãs com suas imagens, que permaneceram firmes diante do impacto da batida na mureta do viaduto. Nós fomos salvos! Prestamos um depoimento, por ocasião de uma peregrinação à Santa Maria, a respeito de mais essa graça manifestada em nossa vida. Como não temos condições de irmos sempre em uma visita física ao Santuário, o fazemos espiritualmente .
Em casa, instituímos o nosso Santuário Lar, que foi abençoado pelo Pe. Jesuíta Raymundo Heizelmann. Residimos em Esteio. Aprendi do fundador que “devo florescer onde Deus me plantou”. Colaboramos onde percebemos o chamado: na liturgia, na iniciação cristã, no ministério de música e no ministério da comunhão.
Levo para vida: “NADA SEM VÓS, NADA SEM NÓS!”